sábado, fevereiro 02, 2008
A vida de Rita
Hoje dou início ao blog A vida de Rita. É neste canto que a partir de hoje será contada a vida de uma mulher que até aqui não teve nome. A partir de hoje chama-se Rita e tem casa própria em avidaderita.blogspot.com
Tomou banho e apeteceu-lhe andar nua pela casa. O seu corpo transbordava sexualidade. Ainda com as goticulas de água a teimarem percorrer-lhe a pele criando caminhos que apenas elas sabiam onde culminariam. Tocaram à campainha. Devia ser um amigo que procuraria o seu ombro ou algo mais... Não lhe apeteceu abrir. Estava a tirar partido do facto de viver só e de poder fazer o que lhe apetece. Não lhe apeteceu ter companhia e assim ficou. Pegou no livro cartas de uma mãe, que andava a ler, e deixou-se estar. Adormeceu assim, nua, sentada no seu cadeirão de leitura, com o livro a repousar no peito. Sonhou com a mãe que não via há meses largos. Quando acordou... desejou ter aberto aquela porta ao amigo. Precisava de um abraço e não estava ninguém ali...
terça-feira, janeiro 29, 2008
o dia depois...
Era domingo, estava calor e não se queria levantar. Despida, deitada na cama, ainda conseguia sentir o cheiro do corpo dele. Tinha ficado entranhado nos lençois e teimava em não se dissipar no ar. Ainda bem que era assim. Parecia que estava agarrada áquele cheiro. O cheiro dos lençois amarrotados depois de uma noite de sexo que ainda sibilava no seu corpo. Ele tinha saído e, mais uma vez, fingiu estar a dormir. Não gostava de despedidas. Nunca sabia se devia dar um simples beijo na cara ou um quente e húmido beijo na boca. Parecia-lhe que soaria sempre mal. Um por indiferença o outro por compromisso. Nenhuma das situações lhe parecia adequada. Preferia desculpabilizar-se com um fictício estado de dormencia. Era mais fácil. E ela detestava tudo o que lhe dificultasse a vida. Ficou deitada. Quando se levantou já não era domingo.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
passado. outra vez!
Olhou para ele de uma outra forma. Já tinham namorado. Já se tinham comido por prazer. Já se tinham deitado por necessidade.
Hoje fazia anos e convidou-a para beberem um copo. Ela foi. Eram amigos e não podia ficar em casa sabendo que as pessoas mais importantes para ele estariam ali. Havia algo diferente que fez despertar qualquer coisa dentro dela. Olhou-o de uma maneira que já não se lembrava ser possível. Fitou-lhe os olhos, atentou no movimento oscilante dos labios enquanto falava com os amigos das trivialidades do dia-a-dia. Olhou-o. Desejou que nessa noite, deitados, ele a abraçasse por amor. Talvez ela o abraçasse pelo mesmo motivo.
terça-feira, janeiro 22, 2008
longe!
Enquanto suspirava por ele no continente, ele estagiava nos açores. Sabia que as suas vidas se deviam já ter cruzado mas, por mais que fossem vizinhos, tal nunca tinha acontecido. Separava-os agora o mar e mesmo assim continuava a acreditar que as suas vidas se iriam tocar num qualquer ponto, num qualquer dia. Estava longe e isso apenas fazia com que o apreciasse mais. Tinha a certeza agora, depois de trocar palavras escritas em programas informáticos, que tinham muito mais que ver um com o outro que apenas o local onde ambos residiam quando eram vizinhos. Para quando o encontro? Para os sonhos... Pelo menos por agora.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
algo mais que sexo
Zé levantava-se cedo. Ela não dormia mas mantinha-se imóvel até ouvir a porta da entrada. Só aí abria os olhos. Esperava 5 minutos. Ouvia na rua o roncar mediocre da velha 4L que levaria o ensonado colega de cama por 9 ou 10 horas dependendo do trânsito. Só aí se levanta, toma banho e veste-se à pressa, pega nas chaves, desce as escadas, desce a rua e entra duas portas abaixo. Alguém lhe abria a porta do prédio. Subia três vãos de escadas e entrava pela porta deixada entreaberta. Deitava-se. Era cumplice e amante e amiga e confidente de Pedro. O melhor amigo do mediocre viajante da 4L ensonada. Só ele a compreendia e ela gostava de se enrrolar pelo Pedro. Sentia-se húmida apenas de entrar no prédio. Pedro preenchia-a a vários níveis. Pensava por vezes que tinha cometido um grande erro em ter casado com o amigo de Pedro. Mas assim tinha o melhor dos dois mundos. O dinheiro trazido pela 4L e o sexo com Pedro. Não era apenas o sexo com o melhor amigo da pessoa que lhe pagava os dias de ócio que a fascinava. Era o que o triangulo, o perigo, o ritual, o segredo e o sentir-se desejada aos trinta e cinco. Não era apenas sexo, era insegurança. E medo.
sábado, janeiro 19, 2008
assim!
Parte do dia era assim... passado a atender telefonemas. De todos os tipos. Dos tipo educados, dos rudes, dos espertos, dos que nem sabem o que querem!. Ouvia-os. reformulava o que diziam depois tentava encontrar um solução que os satisfizesse. Dias havia em que pensava que não era muito diferente das putas. Satisfazia as vontades dos clientes a troco de dinheiro. Sentava-se. Identificava-se. Trabalhava. Não era o emprego de sonho mas era o possível. Tinha sido uma vitória pessoal tê-lo conseguido. Era assim parte do dia. A outra parte... ainda era segredo!
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