sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Grito!

Mas que raio de indecisão, mas que raio de emaranhado, mas que raio de incerteza. É incrível como os acontecimentos do dia-a-dia nos influenciam a forma de estar.
Se fosse descrever o que se passa agora comigo diria que sinto como que uma penosa dor de dentes na cabeça, mesmo localizada no meio do córtex. Disparate. Assim o é. Apenas me refiro às malvadas dores de dentes pois que tenha conhecimento, não há na caderneta das dores banais, uma tão incomodativa. Mas que raio de indisposição que teima eu não me abandonar. A razão mais profunda deste meu grito de desespero, deste meu “mas que raio!” não reside somente nos dias que surgem um após outro tão... sempre iguais.
Se me incomoda o tic-tac do dias, mais me incomoda o mau passado, aqueles menos bons momentos que me seguem e me perseguem e conseguem arrecadar-me a razão no fundo em gaveta. Selada. Mas que raio! Não haverá justiça. Aquela que é divina, que provoca o sossego de quem não deve e o infortúnio de quem teme. Mas que raio! Pois que morra a personificação dessa dor de dentes. Pois que deixe por herança o sossego a quem não deve. Que leve consigo aquele menos bom passado, aquele que ainda hoje torna tão igual o metrónomo dos diferentes dias que no fundo são por causa dele sempre igualmente menos bons.

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