terça-feira, novembro 20, 2007

começar o adeus!





Hoje acordei e ocorreu-me que o adeus não é sempre mau. Mesmo que o adeus esteja ligado à saudade, a um sentimento mais ou menos profundo de perda, não quer dizer que não seja algo bom. O dizer adeus a uma prisão, o dizer adeus ao sofrimento de uma vida ou até mesmo o dizer adeus a algo que gostamos mas que sabemos que nos faz mal... Há sempre um lado bom em algo que, geralmente, é visto como mau. Iniciar algo nem sempre é bom. Iniciar uma guerra, Iniciar um massacre, iniciar um divórcio não é mais do que começar algo a que dizemos adeus... Terei começado o adeus?

segunda-feira, novembro 12, 2007

Savana urbana




Incrível como certas pessoas podem ser tão infinitamente out. Mas que raio aconteceu às pessoas? Pensava em tom de censura de toda uma sociedade que era a dela. Mas será que vivemos por e para o sexo? Para as bebedeiras apanhadas à noite em casas da especialidade?

As discotecas (termo que parece agora demodé) deixaram de ser casas onde vamos ouvir música! Evoluímos. Chamamos agora Bar Disco, lounge, club... e passámos a ter campeonatos de bebedeiras. E se isso fosse o pior! Sinto-me um presunto a passear calmamente no meio de um pantano cheio de jacarés esfomeados. Cada vez mais os homens são jacarés prontos a saltarem em cima de qualquer presunto... qualquer que seja. Estava farta de sair à noite e ver sempre o mesmo filme, com as mesmas legendas, com os mesmos protagonistas. TENHAM DÓ! Gritava já na mesa de esplanada do café em que calmamente tomava café com a amiga. Levantou-se em último sinal de protesto. Pagaram. Foram embora! Nem repararam que o dono do café, mesmo atrás do balcão, lhes lançava olhares de jacaré esfomeado.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Nada...



Pior que a morte lenta. A auto-destruição apoderava-se dela como que se de uma nuvem carregada que paira no ar se tratasse. Não sabia a razão. Sabia que estava lá. Cada vez mais escura. Cada vez mais ameaçadora. Havia qualquer coisa de surreal na sua vida. Algo do qual sentia estar a fugir há anos. Uma luta. Uma correria interminável que a acompanhava desde que se lembra de ser gente. Foi a realidade que a fez acordar e perceber que tinha que deixar de brincar com as bonecas. Era uma mulher. À força. A brutalidade da situação não fez mais que começar a criar a nuvem - cada vez mais pesada e cinzenta. O quadro da sua vida é agora apenas colorido por algumas pinceladas cinzentas que adquiriam vivacidade na diferença de tonalidade. É essa que no fundo lhe difere os dias. A solidão do cinzento com a monotonia do cinza. A vida é-lhe irónica. Quanto melhor parecia estar. Mais vazia se sentia. O mundo que tinha a seus pés não era mais que... Nada. Nada. Apenas um amontoado de coisa nenhuma.