terça-feira, janeiro 29, 2008

o dia depois...



Era domingo, estava calor e não se queria levantar. Despida, deitada na cama, ainda conseguia sentir o cheiro do corpo dele. Tinha ficado entranhado nos lençois e teimava em não se dissipar no ar. Ainda bem que era assim. Parecia que estava agarrada áquele cheiro. O cheiro dos lençois amarrotados depois de uma noite de sexo que ainda sibilava no seu corpo. Ele tinha saído e, mais uma vez, fingiu estar a dormir. Não gostava de despedidas. Nunca sabia se devia dar um simples beijo na cara ou um quente e húmido beijo na boca. Parecia-lhe que soaria sempre mal. Um por indiferença o outro por compromisso. Nenhuma das situações lhe parecia adequada. Preferia desculpabilizar-se com um fictício estado de dormencia. Era mais fácil. E ela detestava tudo o que lhe dificultasse a vida. Ficou deitada. Quando se levantou já não era domingo.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

passado. outra vez!



Olhou para ele de uma outra forma. Já tinham namorado. Já se tinham comido por prazer. Já se tinham deitado por necessidade.

Hoje fazia anos e convidou-a para beberem um copo. Ela foi. Eram amigos e não podia ficar em casa sabendo que as pessoas mais importantes para ele estariam ali. Havia algo diferente que fez despertar qualquer coisa dentro dela. Olhou-o de uma maneira que já não se lembrava ser possível. Fitou-lhe os olhos, atentou no movimento oscilante dos labios enquanto falava com os amigos das trivialidades do dia-a-dia. Olhou-o. Desejou que nessa noite, deitados, ele a abraçasse por amor. Talvez ela o abraçasse pelo mesmo motivo.

terça-feira, janeiro 22, 2008

longe!




Enquanto suspirava por ele no continente, ele estagiava nos açores. Sabia que as suas vidas se deviam já ter cruzado mas, por mais que fossem vizinhos, tal nunca tinha acontecido. Separava-os agora o mar e mesmo assim continuava a acreditar que as suas vidas se iriam tocar num qualquer ponto, num qualquer dia. Estava longe e isso apenas fazia com que o apreciasse mais. Tinha a certeza agora, depois de trocar palavras escritas em programas informáticos, que tinham muito mais que ver um com o outro que apenas o local onde ambos residiam quando eram vizinhos. Para quando o encontro? Para os sonhos... Pelo menos por agora.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

algo mais que sexo




Zé levantava-se cedo. Ela não dormia mas mantinha-se imóvel até ouvir a porta da entrada. Só aí abria os olhos. Esperava 5 minutos. Ouvia na rua o roncar mediocre da velha 4L que levaria o ensonado colega de cama por 9 ou 10 horas dependendo do trânsito. Só aí se levanta, toma banho e veste-se à pressa, pega nas chaves, desce as escadas, desce a rua e entra duas portas abaixo. Alguém lhe abria a porta do prédio. Subia três vãos de escadas e entrava pela porta deixada entreaberta. Deitava-se. Era cumplice e amante e amiga e confidente de Pedro. O melhor amigo do mediocre viajante da 4L ensonada. Só ele a compreendia e ela gostava de se enrrolar pelo Pedro. Sentia-se húmida apenas de entrar no prédio. Pedro preenchia-a a vários níveis. Pensava por vezes que tinha cometido um grande erro em ter casado com o amigo de Pedro. Mas assim tinha o melhor dos dois mundos. O dinheiro trazido pela 4L e o sexo com Pedro. Não era apenas o sexo com o melhor amigo da pessoa que lhe pagava os dias de ócio que a fascinava. Era o que o triangulo, o perigo, o ritual, o segredo e o sentir-se desejada aos trinta e cinco. Não era apenas sexo, era insegurança. E medo.

sábado, janeiro 19, 2008

assim!




Parte do dia era assim... passado a atender telefonemas. De todos os tipos. Dos tipo educados, dos rudes, dos espertos, dos que nem sabem o que querem!. Ouvia-os. reformulava o que diziam depois tentava encontrar um solução que os satisfizesse. Dias havia em que pensava que não era muito diferente das putas. Satisfazia as vontades dos clientes a troco de dinheiro. Sentava-se. Identificava-se. Trabalhava. Não era o emprego de sonho mas era o possível. Tinha sido uma vitória pessoal tê-lo conseguido. Era assim parte do dia. A outra parte... ainda era segredo!

quarta-feira, janeiro 16, 2008

a vitrine...




Passou frente do local onde passava tantas horas. Conhecia cada ocupante das cadeiras daquela café. Por mais que se movessem, não as reconhecia como seres animados. Incrível. Tinha deixado aquela postura há muito pouco tempo e já se achava tão distante daquela realidade. snobismo? Recusava-se determinantemente a que essa fosse a explicação. Era a vitrine! A vitrine tinha ficado mais dura. As coisas e as pessoas ficam mais duras quando são mais reais. Leais. Verdadeiras. Era apenas um pouco de vidro. Para ela era um abismo. Quando saltaria?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

gripe!



O vento gelado da noite, o sol envergonhado da tarde, as manhas enevoadas... nada a afectava. Sã que nem um pêro... Foi preciso uma sala fechada e 12 pessoas a tossir para ficar com gripe. Mas que raio. Com as que apanhou já devia estar imune... O charope para a tosse da mãe que tomou em pequena - doce e à base de cenoura - não lhe teria servido para nada? Desanimada vageava pelo apartamento como um bicho preso na jaula. Podia sair mas tinha a certeza que piorava. Deixou-se estar. Pegou nas cópias da formação a que faltara e estudou. Talvez o estudo lhe fizesse esquecer o pingo que teimava em cair do nariz. Talvez se fosse embora esta gripe mais depressa se não pensasse nela. Tentar não custa!

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Estudar?!!!

Voltar a estudar! É bom garanto-vos. Eu voltei a estudar! Por mais que não tire um curso superior. Mas votei a estudar! Estou a aprender e isso é bom! Há muito tempo que me empatava a aprender com os amigos, com os conhecidos, com os estranhos... É bom mas não chega... Agora estou a aprender coisas que alguém estudou, qua alguém criou com o intuito de alguém aprender... Voltei a estudar. Há decisões que mudam uma vida, ou que pelo menos têm esse objectivo! No fim do ano tentei que a minha vida mudasse e estou a conseguir! Às vezes basta tentar... As coisas acontecem! Até voltei a estudar!