segunda-feira, janeiro 21, 2008

algo mais que sexo




Zé levantava-se cedo. Ela não dormia mas mantinha-se imóvel até ouvir a porta da entrada. Só aí abria os olhos. Esperava 5 minutos. Ouvia na rua o roncar mediocre da velha 4L que levaria o ensonado colega de cama por 9 ou 10 horas dependendo do trânsito. Só aí se levanta, toma banho e veste-se à pressa, pega nas chaves, desce as escadas, desce a rua e entra duas portas abaixo. Alguém lhe abria a porta do prédio. Subia três vãos de escadas e entrava pela porta deixada entreaberta. Deitava-se. Era cumplice e amante e amiga e confidente de Pedro. O melhor amigo do mediocre viajante da 4L ensonada. Só ele a compreendia e ela gostava de se enrrolar pelo Pedro. Sentia-se húmida apenas de entrar no prédio. Pedro preenchia-a a vários níveis. Pensava por vezes que tinha cometido um grande erro em ter casado com o amigo de Pedro. Mas assim tinha o melhor dos dois mundos. O dinheiro trazido pela 4L e o sexo com Pedro. Não era apenas o sexo com o melhor amigo da pessoa que lhe pagava os dias de ócio que a fascinava. Era o que o triangulo, o perigo, o ritual, o segredo e o sentir-se desejada aos trinta e cinco. Não era apenas sexo, era insegurança. E medo.

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