quarta-feira, abril 12, 2006

just one night

Deixem-me viver! Desabafou. Aludia aos pensamentos que lhe invadiam a noite. A noite que, achava, deveria ser apenas dele. O refúgio temporal que dispunha para descançar. Nem isso. Passavam-lhe as ideias mais odiosas pela cabeça. Umas. Outras entravam e ficavam. Rodopiavam continuamente. Não saiam. Não bastava já o dia-a-dia e a sua inevitável e perversa rotina. Entravam, não sabia vindos de onde, e apoderavam-se dele por mais que tentasse resistir, por menos que os quisesse. Insistia deixar-se levar pelo sabor dos dias, não lhe era permitido. A noite, pelo menos a noite. Implorava. Agora, quase em voz alta. Mas, os fantasmas não o deixavam. Há situações em que a liberdade é apenas uma utópica ilusão. Porra. Pelo menos uma noite.

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