domingo, dezembro 07, 2003

As sagas do Zé Chaparro - I

Depois de uma semana passada nas pastagens com as minhas ovelhinhas, a levar com os pingos inconstantes de uma chuva pouco regular mas altamente húmida ( o que noutros contextos até poderia ser saudável mas que neste não é), decidi pegar na minha mulher Esgrablina Carrapixa e na Ape 50 da Piaggio, sair do monte e dar uma voltinha por esta imensa planície.
Na estrada, tabuletas metálicas adornavam as valetas com a palavra Évora, contudo, como a gasolina está cara e não chegava para ir até lá fiquei-me por Vila de Frades pois havia lá festança (a Vitifrades). Os casulos onde as empresas mostravam os seus produtos estavam instalados numa tenda e, uma outra abrigava um palco onde iria decorrer um bailarico antecedido por uma noite de fado.
Antes de entrar na tenda principal disse para a minha Esgrablina que nos separássemos. Que fosse ela ver os stands que eu ia ver se a colheita do vinho deste ano tinha sido boa ou não. Meia hora mais tarde e alguns levantamentos do copo à garganeirice, a minha Esgrablina chegou perto do tasco que tentava aguentar-me de pé (e que conseguia com algum custo) e disse: Zéi vamos embora. Está ali o Jaquim Maneta que já está com os trotis no bucho e que me disse que me levava para trás da igreja e que me rebetava com a verruga ( o Jaquim Maneta além de só ter um braço tinha tido um namorico com a Esgrablina quando tinham 12 anos e já nessa altura ele dizia que lhe descosturava a boca do forno).
Indignado, perguntei-lhe onde é que esse magano andava para lhe rebentar a protecção das fossas nasais e nisto tentei rodar o pescoço para ver se o via por ali. Como malhei no chão com os apetrechos que a minha mulher me tinha oferecido, decidi que já era tempo de ir embora.Esqueci o bailarico, peguei na Esgrablina e levei-a em jeito de moleta até ao veículo motorizado montei-me na Esgrablina e como ela estava a resmungar muito troquei-a pela Ape 50 que me levaria até ao monte. Pelo caminho parei três vezes para aliviar a bexiga e enfim cheguei a casa e fui dormir.
Há 20 minutos acordei e como não vi a Esgrablina levantei-me. Mesmo com sede, preparei-me para dar o tratamento que um verdadeiro homem dá à mulher quando esta não dorme ao seu lado. Quando cheguei à sala, que antecede o quarto, é que reparei que estava ali qualquer coisa errada, pois vi, ali estacionada a Ape 50, mesmo no meio da sala e a Esgrablina a dormir no sofá.
Senti-me enganado e como não gosto disso, pus a Ape 50 na rua e dei uma carga de porradas na Esgrablina pois percebi que mais uma vez dormira com a magana da mota ( deve pensar que eu sou parvo e que não os apanhava em flagrante).
Como sou um homem optimista e acho que porradas passadas não movem moinhos, vim cá desabafar isto e vou já para a cama dormir. Quero descansar pois estou mais minado com sono que os açores com pedófilos e amanhã é dia de me encontrar com os compadres na tasca do Tóino Borracholas para beber umas fresquinhas.
Até amanhã...

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